sexta-feira, 9 de julho de 2010

Ensino Experimental das Ciências no 1.º Ciclo

 Num mundo em constante mudança, num mundo em que a informação está ao dispor de todos, à distância de um simples clic, é necessário que a escola prepare as crianças para esta realidade, dotando-as de capacidades como pensamento e atitude crítica, autonomia e responsabilidade, no fundo que crie cidadãos críticos e activos na vida em sociedade.

O ensino das ciências experimentais pode contribuir para esta tarefa escolar. As ciências experimentais e o trabalho investigativo permitem à criança desenvolver as suas capacidades cognitivas, melhoram a qualidade das aprendizagens no domínio da comunicação e das ciências, permitem ainda o desenvolvimento de competências para resolver problemas do quotidiano e que as crianças se tornem mais reflexivas. Deste modo as crianças tornam-se pensadores activos e críticos, desenvolvem competências sociais, promovem a sua auto-estima, motivação, autonomia e capacidade de tomar decisões e lidar com o insucesso de forma mais positiva. As crianças vivem a aprendizagem com alegria e elevada satisfação pessoal.

Daqui decorre a importância dada a este tipo de actividades pelo Currículo Nacional do Ensino Básico – Competências essenciais, 2001:

“(…) pretende-se que todos se vão tornando observadores activos com capacidade para descobrir, investigar, experimentar e aprender.” (pág.102)

“A curiosidade infantil pelos fenómenos naturais deve ser estimulada e os alunos encorajados a levantar questões e a procurar respostas para eles através de experiências e pesquisas simples.

Os estudos a realizar terão por base a observação directa, utilizando todos os sentidos, a recolha de amostras, sem prejudicar o ambiente, assim como a experimentação.

É importante que, desde o início, os alunos façam registos daquilo que observam.” (pág.115)



Também no Programa do 1.º ciclo do ensino básico (1990) se dá importância à realização de experiências, quer ao nível dos objectivos gerais como dos princípios orientadores do programa de Estudo do Meio:

“Assim, será através de situações diversificadas de aprendizagem que incluam o contacto directo com o meio envolvente, da realização de pequenas investigações e experiências reais na escola e na comunidade, bem como através do aproveitamento da informação vinda de meios mais longínquos, que os alunos irão apreendendo e integrando, progressivamente, o significado dos conceitos.”(pág.102)

“- Utilizar alguns processos simples de conhecimento da realidade envolvente (observar, descrever, formular questões e problemas, avançar possíveis respostas, ensaiar, verificar), assumindo uma atitude de permanente pesquisa e experimentação.”(pág. 103)

Desta forma, e também através dos programas de formação para professores do 1.º ciclo nesta área, o Ensino Experimental das Ciências tem vindo a ser implementado como metodologia de desenvolvimento da área de Estudo do Meio e, indirectamente, de todas as outras áreas, favorecendo o aluno na construção do seu próprio conhecimento. Neste contexto, o professor deverá criar um ambiente propício e favorável à aprendizagem, um ambiente onde impere a cooperação, a participação, a comunicação e a reflexão. Só desta forma se poderá desenvolver nos alunos aprendizagens significativas, aprendizagens científicas de qualidade e atitudes favoráveis ao ensino e à aprendizagem das Ciências. Se o papel do professor passa por orientar e ajudar os alunos, colocando questões essenciais que os levem a reflectir e a procurar respostas, tornando-se facilitador de aprendizagem, o papel do aluno passa por este se tornar mais activo na busca de respostas e na construção do seu próprio conhecimento.

Para que estes propósitos se concretizem, é necessário que o professor tome consciência do contributo das actividades experimentais e estimule na sala de aula a criatividade, a curiosidade e a autonomia dos alunos, adoptando estratégias diversificadas que permitam à criança actividades de experimentação, que fomentem a interdisciplinaridade através do ensino das Ciências, privilegiando o trabalho a pares ou de grupo, uma vez que este favorece o trabalho cooperativo, a habilidade de resolver problemas e a socialização dos alunos.

Apesar de todas as orientações ministeriais e de todos os estudo efectuados sobre o assunto, o Ensino Experimental das Ciências continua sem ser uma realidade generalizada nas nossas salas de aula, é necessário que a formação contínua continue a chegar cada vez a mais professores, de forma a dotá-los da segurança necessária à realização destas tarefas e a consciencializá-los sobre os contributos desta metodologia para a formação integral dos nossos alunos.



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